Sobre a língua portuguesa
Dizia-se por aí que tudo que ocupa espaço e possui massa, o peso dos objetos, era chamado de matéria. O Átomo era indivisível sendo então a menor parte da matéria, ou seja, átomo, do grego antigo, “aquilo que não se parte”. Tempos depois, arguiu ser o quark, na física de partículas, a menor fração que está em tudo. Os Átomos são formados por prótons e nêutrons e esses, são formados por quarks.
Sobre o texto acima, vale lembrar que toda regra tem sua exceção. Na Língua Portuguesa não é diferente. Na língua de Luís de Camões, o texto é a unidade linguística hierarquicamente mais elevada com estruturas determinadas pelas regras de uma gramática textual. Dividido, traz como menor parte de sua matéria a letra “a”, o sinal gráfico da escrita que é seguido por outras vogais, semivogais, e consoantes.
O problema se inicia quando elas se proliferam. Vão se unindo e formando ditongo, tritongo, hiato, encontro consonantais e vocálicos, dígrafos vocálicos e consonantais e o adjetivo serve de alimento ao substantivo a que se une. Sem falar naqueles não tão bem-vindos assim, advérbios de modo.
A palavra é fracionada por sílabas. Quando soletradas, trazem certa estranheza em seus fonemas, dificultando por vezes propagar o amor a língua aos mais jovens: fonética e fonologia, estilística e morfologia, ortografia e semântica, sintaxe etc.
Afinal, o que quer e o que pode essa língua?
O texto é uma construção formado pela junção de parágrafos e, o período, é a parte do texto que começa com a letra maiúscula e vai até o ponto final. Dentro de cada período, temos também a chamada oração, que é formada por verbos. O conjunto de cada palavra é desenvolvido por letras e fonemas, a gênesis da língua portuguesa.
A regra normativa coloca tudo em gavetas organizadas, não dando chances para improvisos de linguagem. A fala do dia a dia, cantadas no rap, maracatu e no repente, por exemplo, abre espaço para a liberdade artística deixando de lado o que é normal e valoriza o sentimental.
A língua escrita assusta um pouco. No falar, o que importa é ser entendido por aquele grupo a quem se pertence. Insegurança na escrita vem sempre junto porque alguns acham que basta colocar palavras com juridiquês ou aquelas pouco usadas no cotidiano, que terá um bom texto. Ledo engano. Carta, e-mail, documento oficial, não importa, escrever sempre será o caminho das incertezas para muitos. Por que escrever transeunte se posso apenas escrever pedestre? Genitora pode ser... mãe. Outro dia vi um documento que informava a ausência de um funcionário devido ao falecimento da mãe. No documento estava escrito “morte de sua genitora”. Misturou-se a gênesis com o fim.
É assim mesmo. Mas vejam bem, a língua deve ser sim bastante respeitada, só não temida. Caetano Veloso canta: “e quem há de negar que esta lhe é superior?”. Nossa língua organizada pela gramática normativa já passou pelo latim clássico, pelo império romano, celtiberos e tingida pelos árabes como bem disse Caetano Galindo. Por imposição, índios deixaram o nheengatu para aderir ao português e, finalmente, ser alterado pelos padrões silábicos dos idiomas negros africanos. Agora, findo este texto, é de bom tom ouvir Tom Zé no álbum Língua Brasileira.